sábado, 15 de janeiro de 2011

Um pouco da sua história...

As referências mais antigas que conhecemos de Alcaravela encontram-se no Cadastro Geral do Reino, de 1527, onde a vintena de Alcaravela aparece referida com 58 moradores, aparecendo também referida na carta de demarcação de termo do concelho, dada por D. João III, a 10 de Agosto de 1532, em Lisboa.

Carvalho da Costa, na sua Corografia Portuguesa de 1712, fala de Alcaravela nos seguintes termos: “Que este termo tem uma igreja paroquial da invocação de Santa Clara, priorado de Malta, a quem pertencem os dízimos e a terça é dos Bispos da Guarda, que visitam somente o corpo da igreja, a que não são obrigados a consertar os fregueses; e a capela-mór é de Malta e corre por conta do Prior e é visitada pelo visitador do Priorado do Crato”.
“Que esta igreja está situada no lugar de Alcaravela, que tem 120 vizinhos que povoam muitos casais e uma ribeira no Casal de Vale Formoso, com 2 azenhas, 1 lagar de azeite e 2 pisões”.

Foram principais benfeitores na construção desta igreja, os Exmºs Srs. Dr. João Serras e Silva e João Serras, naturais de Santa Clara. Mas todo o povo contribuiu para a sua construção, dando dinheiro, madeiras e trabalho.
Iniciou-se a construção a 3 de Março de 1921, e a 21 de Setembro de 1924 foi inaugurada. Na festa de inauguração estiveram presentes Sua Exª Rev.ª o Sr. Bispo de Portalegre D. Domingos Maria Frutuoso, o Sr. Bispo de Viseu, D. António Alves Ferreira. Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, pregou o sermão. Na época era docente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

A Casa do Povo de Alcaravela é uma das primeiras do País e tem sede própria. O Estado deu 46.000$ para a sua construção. Foi inaugurada em 6 de Maio de 1934, contando em 1940 com 350 sócios efectivos e 5 protectores.


Rica em património florestal (Serra de Alcaravela), ficou conhecida pela extracção de resina (actividade económica hoje quase desaparecida).

Dr. João Serras e Silva – Uma figura ilustre

Nasceu em Santa Clara a 15 de Janeiro de 1868. Ficando órfão de pai aos 4 anos de idade e só aos 15 anos pode começar os estudos secundários. Mas nesta idade, vence, brilhantemente e em três breves anos, o curso do liceu, em Portalegre.

Em Coimbra conquista justos lauréis na Faculdade de Filosofia (1888-1889) e em 1891 ingressa na Faculdade de Medicina, formando-se em 1896 Em 1897, preparou-se para professor universitário, licenciando-se e doutorando-se.

Foi ele que organizou o primeiro congresso médico realizado em Portugal subordinado ao tema Tuberculose.

Foi professor na Faculdade de Medicina de Coimbra e na Faculdade de Letras da mesma cidade, onde regeu a cadeira de História dos Descobrimentos.

Faleceu em Lisboa em 8 de Abril de 1956.

Aldeias


- Santa Clara, sede de freguesia
- Casal Pedro da Maia
- Casal Velho
- Casos Novos
- Carrascais
- Chã Grande
- Cimo dos Ribeiros
- Fontelas
- Herdeiros
- Monte Cimeiro
- Moutal
- Outeiro
- Panascos
- Pero Basto
- Pisão Cimeiro
- Presa
- Saramaga
- Vale Formoso
- Vale das Onegas
- Venda
- Tojalinho
- Tojeira

Desenvolvimento Económico e Social

Alcaravela é uma freguesia que centra as suas actividades no sector primário, nomeadamente na agricultura, na pecuária, com a criação de gado suíno, e na silvicultura.É portanto uma freguesia predominantemente rural. Mas actividades de maior relevo na freguesia estão associadas ao sector secundário, representado pelas empresas de construção civil, alumínios e serração de madeiras, e indústrias de panificação, pastelaria e queijaria. São estas empresas que constituem a mais importante fonte de emprego da localidade.
O sector terciário encontra-se representado pelo pequeno comércio, que é suficiente para satisfazer as necessidades da população local.

A minha aldeia

Para muitos é desconhecida, mas para mim é um dos sítios que me é mais familiar. Foi lá que brinquei enquanto criança até aos 11 anos.

LENDAS DE ALCARAVELA

LENDA DO VALE DO CABRIL

Há muito tempo atrás, o lugar de Cabril foi habitado por Mouros e, bem perto dali, no lugar de Presa, viviam os Cristãos. Certo dia desceu ao povoado dos cristãos um mouro, cuja esposa estava para dar à luz, em busca de uma parteira que estivesse habituada a partos difíceis. O mouro encontrou a senhora, explicou-lhe do que se tratava, e a cristã acompanhou-o até ao Cabril. Os dois não trocaram palavra ao longo de todo o caminho. Chegados ao destino a parteira executou o trabalho com sucesso, tendo nascido uma criança saudável. Após o nascimento da criança, o mouro pediu à cristã que se lavasse numa água que ele havia preparado. Ela assim fez, lavou o corpo e a cara à excepção de um dos olhos. Quando a senhora vinha embora, o mouro colocou-lhe no avental um punhado de carvões, recomendando-lhe que jamais revelasse o local onde tinha estado e as pessoas que tinha visto. A cristã ficou um pouco decepcionada com a recompensa e pelo caminho foi deixando cair a maior parte dos carvões, que iam sendo recolhidos pelo mouro que a seguia sem ela saber. Ao chegar a casa reparou que lhe tinham restado três pedaços de carvão e de imediato atirou-os para o lume e, para sua surpresa, ouviu-os tilintar e transformarem-se em moedas de ouro. Algum tempo depois a mulher encontrou o mouro numa feira e dirigiu-se a ele para perguntar pela saúde da criança. O homem ficou admirado por ela o conseguir ver e perguntou-lhe com que olho ela o via. Respondeu-lhe a cristã que era com o olho que não tinha sido lavado depois do parto. O mouro avançou então para ela cegando-a nessa vista garantindo dessa forma que ninguém jamais viria a conhecer o local que os mouros habitavam e os segredos que conhecia.


LENDA DO LINHO FIADO

Há muito tempo atrás, na encosta do picoto, existia uma pedra larga idêntica a um tampo de mesa. Reza a lenda que quem fosse lá à tardinha colocar velos de linho para fiar e deixasse junto a importância devida em moedas, podia ir buscar no dia seguinte as peças de linho já fiado pelas mouras. Contam os mais antigos que este linho jamais apodrecia e dava felicidade aos noivos no dia do casamento. Por estas razões, ao fim da tardinha havia sempre lá muito linho. No entanto, caso o dinheiro deixado não correspondesse à quantidade de linho deixado, no dia seguinte estava tudo como na véspera. Mas se alguém se esquecesse de qualquer objecto sobre a pedra, assim que se afastasse cerca de cinco passos, desaparecia num ápice, sem que ninguém visse como. Isto deixava as pessoas cada vez mais intrigadas, pois nunca se apercebiam dos movimentos das mouras.
Certo dia, um rapaz que julgava resolver tudo pela força dispôs-se a ver como tudo desaparecia. Comunicou aos vizinhos, e foram todos para o Cabril. Chegados ao destino, o rapagão partiu encosta acima, tendo os acompanhantes ficado junto à ribeira. Colocou na pedra os velos de linho e deixou, como que esquecido, um saco que continha um seixo. Afastou-se pé ante pé e ficou a espreitar. Ouviu então um som estranho e logo surgiu do outro lado da pedra uma enorme e assustadora serpente que com um sopro potente sobre o saco atirou-o contra o valente com tal força que o tombou. Ele rolou encosta abaixo e só parou no fundo da ribeira, perante os olhos dos curiosos que o esperavam. Foi desta forma que terminou a valentia do rapaz.


LENDA DA PEDRA DA MOURA

Há muito tempo atrás, os serranos do Cabril e os Cristãos da charneca passaram por vários desentendimentos devido às suas religiões. A rivalidade foi tal que alguns mouros colocaram a possibilidade de erguer uma ponte que ligasse o cimo da serras e se inundasse a charneca, acabando com os cristãos. Esta obra teria de ser feita numa noite sem luar para que os cristãos não se apercebessem e não impedissem a construção. Alguns mouros estavam contra a realização desta obra, pois consideravam este empreendimento demasiado alto e perigoso. A fim de resolver estas indecisões, o chefe convocou os mouros para uma assembleia. Após várias discussões, e uma vez que não conseguiam o consenso, o chefe propôs que a ponte fosse feita a meio da encosta, e a moção foi aprovada por todos. Nessa altura, uma bela jovem levantou-se e ofereceu-se para levar a primeira pedra para a construção da ponte, ao que o chefe lhe respondeu:
-Só se for a pedra grande que está no alto do picoto.
Houve uma gargalhada geral e mais ninguém falou sobre o assunto. No dia seguinte, quando os mouros saíram das suas cavernas depararam com o grande rochedo na outra encosta. Os mouros começaram a juntar-se em volta do rochedo, interrogando-se sobre como e quem teria ali colocado tão pesado bloco. Ao longe, os cristãos já espreitavam desconfiados.
No meio da confusão surge a jovem moura, ricamente vestida, mas de olhar triste, acompanhada por um jovem esbelto, com um turbante de seda e um diadema no alto da testa com uma meia lua dourada. A moura esclareceu os seus vizinhos, dizendo:
-Eu a transportei para cumprir o meu fado.
E o jovem confirmou:
-Ela a trouxe à cabeça, com uma criança ao colo e na mão uma roca; na outra mão um fuso a fiar um velo de ouro. No escuro da noite eu lhe alumiei os passos com um facho, para que não tropeçasse. Do velo de ouro teceu uma saia que ficará guardada nas serras; o resto do novelo foi deixado debaixo da pedra para testemunhar este facto. Podeis procurá-lo se tiverdes ânimo para a remover. A saia ficará até que um dia um inimigo de Alá a encontre e consiga desencantar esta linda princesa nas entranhas da terra, por ter discordado da guerra santa contra esses malditos cristãos. Agora pertence-vos concluir a ponte na noite que vem.
Nesse instante uma densa névoa envolveu-os e nunca mais ninguém os viu. Depois de assistirem a este enigmático acontecimento e ao verem que os cristãos se haviam apercebido das suas intenções, os mouros nunca mais pensaram na ponte. A Pedra da Moura ainda hoje se mantém no local, testemunhando o início de uma obra que nunca foi concluída.


LENDA DO CÓS DA SAIA DE OURO

Durante os contactos amigáveis que se realizaram entre cristãos e mouros, os primeiros ficaram a saber pelos outros que, perto da Pedra da Moura, se encontrava uma saia de ouro, cujo cós já estaria muito gasto de tanto gado lhe ter passado por cima. Mas só depois da expulsão dos mouros, no século XIII, os cristãos ficaram a saber o que fazer para encontrarem tão valiosa saia. A pessoa que partisse à busca da saia deveria ir munida de um objecto cortante. Quando encontrasse o cós, tinha de cavar fundo e quando estivesse a retirá-la do buraco aparecia uma cobra para tentar matar o intruso com os seus dentes. Logo que o animal abrisse a boca, a pessoa tinha que lhe cortar a língua, até fazer sangue, pois, caso contrário morreria e o seu corpo seria arrastado para a caverna. Mas, se conseguisse corta-lhe a língua, a cobra morria. Nessa altura, para a pessoa se apoderar da saia tinha de entrar e percorrer a galeria, encontrar uma chave brilhante que estava pendente do tecto e com ela abrir a porta que mantinha encerrada a moura encantada que transportou a Pedra da Moura. Em seguida tinha de dar à princesa um beijo na testa, ela acordava e retribuía com um beijo no seu salvador. No regresso o libertador tomaria posse da valiosa saia de ouro.

Lendas retiradas do site: http://www.distritosdeportugal.com

Livros da nossa terra



- "Alcaravela - Memórias de um povo" de Dr. Augusto Serras publicado em Abril de 1993 e disponível na Biblioteca Municipal.

- "Paróquia de Santa Clara de Alcaravela – Alguns apontamentos para a sua história”
de Luís Manuel Gonçalves, publicado em Agosto 2001 e disponível na Biblioteca Municipal.

Receitas tradicionais da Região

Receita Típica de Alcaravela
Arroz com molho de bacalhau


Esta receita típica era usada em dias de matança do porco em Alcaravela
e tinha como ingredientes: bacalhau, arroz, salsa e farinha. Era
feita assim: “Demolhava-se o bacalhau de véspera, cortava-se em pedaços
pequenos e punha-se a cozer em água. Uma vez cozido, retirava-se
o bacalhau, e nesta água deitava-se o arroz e um raminho de salsa o qual
se comia sem qualquer acompanhamento. Com o bacalhau, fazia-se
o molho de bacalhau ao qual se juntava bastante água e 1 ou 2 colheres
de farinha para engrossar o molho. Comia-se com pão.”
(Do livro “A Matança – Receitas e Tradições de Alcaravela”)

Favas à moda de Entrevinhas

1 kg de favas descascadas; 150 gr de toucinho gordo; 1 colher de sopa de
azeite; 2 dentes de alho; 1 cebola; 0,5l de água; 100 gr de presunto cru; 120 gr de
chouriço de carne; 150 gr de morcela de cozer; 100 gr de moura; 100 gr de farinheira;
sal e pimenta q.b.; 1 raminho de coentros.
Num tacho (de barro, de preferência) deita-se o toucinho picado, o azeite, o alho
e a cebola picados e leva-se ao lume a refogar, mexendo com uma colher de pau de
vez em quando. Logo que tenha alourado (sem deixar queimar), juntam-se as favas,
o presunto cortado em fatias e o chouriço de carne em rodelas grossas. Juntam-se
também a morcela, a moura e a farinheira inteiras. Tempera-se com um pouco de
sal e pimenta, junta-se um raminho de coentros (atado) e deixa-se cozer em lume
moderado. Logo que a morcela e a farinheira estejam cozidas, o que leva cerca de 15
minutos, tiram-se para fora. Deixam-se as favas acabar de cozer lentamente. Depois
de rectificados os temperos, servem-se guarnecidas com rodelas de morcela, moura
e farinheira e polvilhada com coentros picados. Para acompanhar, serve-se uma salada
de alface com cebola cortada fina e uns raminhos de coentro.
(Do CD e brochura “O Médio Tejo à Mesa”, editado pela então
Comunidade Urbana do Médio Tejo, em 2003)

Ceia tradicional natalícia no Sardoal
Bacalhau com couves
Receita para 4 pessoas. Ingredientes: 2 couves portuguesas, dos Valhascos ou
tronchudas, 4 postas de bacalhau alto, 4 ovos, batatas, azeite e alho.
Coloca-se a água a ferver e junta-se as couves e as batatas durante o tempo necessário
para ficarem ao gosto de cada um (bem ou mal cozidas).
À parte, cozem-se as postas de bacalhau e os ovos, durante cerca de 10 minutos.
Serve-se em travessa com os ovos descascados. Regar com bom azeite da nossa
região. Se quiser pode juntar alho partido aos bocados.
(Receita cedida por Maria Manuel Serrão Mora Alves Tereso)

Receita de Santiago de Montalegre
Refogado de coelho

“Preparação dos coelhos. Depois de mortos e trinchados eram
colocados em alguidares e temperados com os seguintes ingredientes:
louro, alho, cravinho, vinho branco, sal. Ficava a marinar até ao outro
dia, até à hora de ir para o lume.
Refogado: num tacho grande punha-se muita cebola picada,
muita salsa e bom azeite. Deixa-se aloirar a cebola e depois de aloirada,
com uma espumadeira de esmalte ou um passador tiram-se os bocados
de coelho da vinha d’alhos para colocar no tacho. Tapa-se o tacho
muito bem tapadinho, porque a carne sua e o pingo que está agarrado
à tampa vai para dentro do tacho, esse “suor ” ajuda a cozer, em lume
brando. Deixa-se apurar e serve-se.”
(Extraído do estudo “A Cozinha Tradicional na área do Pinhal e Vale do Tejo (…)”,
de Carlos Bento Lopes - http://casaspretas.10.blogs.sapo.pt – ver Boletim N.º44
– recolha feita entre 2001 e 2004 – receita de Maria de Jesus, da Salgueira,
Santiago de Montalegre, na ocasião com 79 anos)

Associação de Jovens do Sardoal


Existe no Sardoal uma Associação de Jovens à qual te podes juntar: só precisas de ter 12 anos ou mais...muitos mais, pois não existe limite de idade, já que ser jovem é um estado de espírito.

Tem como objectivos desenvolver a cooperação e solidariedade entre os associados, realizando iniciativas de âmbito cultural, desportivo, recreativo, social e pedagógico, de forma a promover a cooperação com todas as entidades públicas e privadas visando a interacção social e cultural dos sardoalenses.